Aumento dos casos de cisticercose no Brasil e o papel do médico-veterinário na prevenção e controle

A pecuária brasileira tem testemunhado um preocupante aumento nos casos de cisticercose, uma condição que acarreta prejuízos aos produtores. Neste cenário, é importante compreender o papel desempenhado pelos médicos-veterinários na mitigação dessa ameaça à saúde animal e à economia do setor.

De acordo com dados do Serviço de Inspeção Federal, entre os anos de 2010 e 2020, mais de 6,5 milhões de carcaças bovinas foram identificadas com cisticercose no Brasil, representando um desafio diário que afeta cerca de 1,5 mil animais. Os registros se concentram principalmente nos estados do Sul do país, seguidos por Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, acarretando não apenas questões sanitárias, mas também significativas perdas econômicas.

A cisticercose é uma infecção resultante da ingestão de ovos da Taenia saginata, cuja contaminação se dá pelo pasto ou água contaminados com fezes humanas contendo os ovos do parasita. A falta de saneamento básico em áreas rurais e a insuficiente fiscalização sanitária contribuem para a disseminação desse problema de saúde pública.

Para combater eficazmente a cisticercose, é imprescindível uma abordagem integrada, na qual os médicos-veterinários desempenham um papel fundamental. Educação sanitária é essencial para conscientizar os trabalhadores das fazendas sobre práticas higiênicas e uso adequado de instalações sanitárias. A gestão adequada de resíduos, evitando a exposição dos animais a fezes humanas, e o controle e monitoramento regulares dos rebanhos e da carne são medidas preventivas fundamentais.

Além disso, a implementação de programas de desparasitação regular é indispensável para fortalecer os animais e torná-los menos suscetíveis a infecções, contribuindo assim para a saúde do rebanho e a qualidade da carne produzida.

A inspeção médica veterinária post mortem também é fundamental no controle da doença, porém abates clandestinos de bovinos e suínos facilitam a disseminação desta zoonose, principalmente em países com elevados índices de pobreza.

Cabe esclarecer que a eliminação de problemas sanitários e o abate sob inspeção de médico-veterinário das carnes possibilitam o controle do complexo teníase-cisticercose, além de favorecer o aumento das exportações de carnes para mercados altamente sofisticados e exigentes,

O CRMV-RJ ressalta que a prevenção da cisticercose não se restringe apenas ao nível da fazenda. É necessária uma política de saúde pública robusta, envolvendo comunidades locais e autoridades sanitárias, para promover infraestruturas adequadas de saneamento e fortalecer a fiscalização.

Investir em educação, infraestrutura de saúde e práticas de manejo adequadas é fundamental para proteger tanto a saúde animal quanto a integridade da cadeia produtiva da carne no país.

Médicos-veterinários: cuidando da fazenda até o alimento da sua mesa.

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