CRMV-RJ faz alerta sobre a disseminação e persistência da bactéria da família Leptospiraceae em meio às enchentes recentes, no Rio Grande do Sul

O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) emite um alerta importante sobre a crescente disseminação e persistência da bactéria da família Leptospiraceae, causadora da leptospirose, no Rio Grande do Sul, em decorrência das enchentes que afetaram a região desde o final de abril.

Em resposta à situação, o Ministério da Saúde publicou a nota técnica nº 26/2024, que reforça a importância de estratégias eficazes para a suspeição, diagnóstico e tratamento oportunos da leptospirose, além de esclarecer sobre a quimioprofilaxia em cenários de desastres climáticos. Conforme o documento, a gravidade da situação enfrentada pelo estado levou a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente a emitir orientações baseadas nas evidências científicas mais recentes e nos protocolos atuais. O tema foi amplamente discutido entre especialistas do Departamento de Doenças Transmissíveis, resultando em recomendações adotadas por todos.

O Ministério da Saúde destaca que o tratamento da leptospirose deve ser iniciado assim que houver suspeita clínica, sem a necessidade de esperar pela confirmação laboratorial. A antibioticoterapia é indicada em qualquer estágio da doença, mas sua eficácia é maior quando iniciada na primeira semana após o aparecimento dos sintomas, conforme indicado no Guia de Vigilância em Saúde disponível no site do Ministério da Saúde.

Além disso, o documento fornece informações sobre a quimioprofilaxia, ou seja, o uso de substâncias químicas para prevenir a doença. Contudo, a aplicação da quimioprofilaxia como medida de saúde pública em situações de exposição massiva da população, como ocorre durante desastres climáticos com enchentes, não é recomendada devido à falta de evidências científicas robustas sobre seus benefícios e riscos em grande escala.

Situação atual no Rio Grande do Sul

Até o momento, o Rio Grande do Sul confirmou 24 mortes por leptospirose devido às recentes enchentes. De acordo com informe epidemiológico do Centro Estadual de Vigilância Sanitária (CEVS), da Secretaria Estadual da Saúde, mais sete mortes estão em investigação, outros 6 estão em investigação.

Sobre a Leptospirose

A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda transmitida através do contato direto ou indireto com a urina de animais infectados, especialmente ratos. A infecção ocorre por meio de lesões na pele, pele intacta submersa em água contaminada por longos períodos ou através de mucosas. O período de incubação varia de 1 a 30 dias, com uma média de 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco.

A doença pode apresentar desde formas assintomáticas até quadros graves e fulminantes. Na fase inicial, os sintomas principais incluem febre, dor de cabeça, dor muscular (principalmente nas panturrilhas), falta de apetite e náuseas/vômitos. Em casos mais graves, a taxa de letalidade pode chegar a 40%.

A leptospirose é particularmente prevalente em áreas com infraestrutura sanitária precária e alta infestação de roedores infectados. As enchentes aumentam a disseminação e persistência da bactéria no ambiente, elevando o risco de surtos. O CRMV-RJ ressalta a importância de medidas preventivas e tratamento imediato para controlar a propagação da doença durante e após desastres climáticos.

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