Inteligência Artificial na Medicina Veterinária: avanços, desafios e tendências futuras

A Inteligência Artificial (IA) vem transformando a Medicina Veterinária com inovações que aumentam a precisão dos diagnósticos, aprimoram o monitoramento contínuo da saúde animal e otimizam o trabalho dos médicos-veterinários. O médico-veterinário Roberto Lange (CRMV-PR 2806) participou da Veterinary Meeting & Expo (VMX), realizada em janeiro de 2024, e compartilhou com o CRMV-RJ as principais inovações que observou durante o evento, além de suas aplicações na Medicina Veterinária e os desafios éticos que acompanham essa evolução tecnológica.

Entre os pontos mais notáveis da VMX, Roberto Lange destacou o uso da IA na análise de imagens, como ferramentas avançadas que são capazes de identificar fraturas microscópicas ou pequenos tumores em radiologia, o que torna o diagnóstico mais assertivo e facilita a tomada de decisões clínicas.

“Especialmente em exames como radiografias, ultrassons e tomografias, a IA acelera os diagnósticos e aumenta a precisão, detectando nuances que, por mais treinados que sejamos, podem passar despercebidas”, explicou Lange.

Na dermatologia, a IA tem revolucionado a análise de lesões cutâneas, identificando padrões de doenças com mais rapidez, mesmo nos casos mais desafiadores. Já na oncologia, a tecnologia se destaca na detecção precoce de tumores e na personalização dos tratamentos, possibilitando um plano terapêutico ajustado ao perfil específico do paciente.

“A IA não substitui o médico-veterinário, mas complementa seu trabalho, ajudando-o a tomar decisões ainda mais informadas”, enfatizou o profissional.

Outra inovação são os dispositivos de monitoramento contínuo, como coleiras inteligentes que registram dados sobre frequência cardíaca, respiração e padrões de sono dos pets. Segundo Lange, essas tecnologias ajudam a prever problemas de saúde antes que se agravem, permitindo um acompanhamento mais proativo e preventivo.

Desafios éticos e preocupações

Apesar dos avanços, a implementação da IA traz desafios importantes. Para Lange, o risco de depender excessivamente da tecnologia é uma preocupação: “A IA é uma excelente ferramenta, mas não deve substituir o julgamento do médico-veterinário. Precisamos manter o foco no contexto específico de cada paciente para garantir diagnósticos mais humanizados e precisos”.

A qualidade dos dados também é um ponto de atenção. Como a IA depende de grandes volumes de informações, se os dados forem enviesados ou imprecisos, os resultados podem ser falhos. Além disso, o médico-veterinário chama a atenção para questões jurídicas.

“Até que ponto a IA deve prevalecer sobre a decisão do profissional? Precisamos de segurança jurídica para garantir que a autonomia dos médicos-veterinários seja respeitada”, declarou.

Outro desafio envolve a privacidade e a segurança das informações, sobretudo diante da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Por fim, o custo elevado de algumas tecnologias pode dificultar o acesso, criando barreiras para clínicas menores e responsáveis com menos recursos.

O futuro da IA na Medicina Veterinária

O uso da IA promete transformar ainda mais o setor nos próximos anos. Algoritmos de diagnóstico assistido continuarão a se aperfeiçoar, oferecendo análises mais rápidas e personalizadas. O monitoramento remoto de animais, por meio de sensores e dispositivos inteligentes, será ampliado, fornecendo importantes informações sobre a saúde dos pets em tempo real.

Lange também menciona o potencial da IA generativa na personalização de medicamentos, resolvendo desafios antigos da adaptação de fármacos humanos para uso veterinário. Além disso, as ferramentas baseadas em IA terão impacto direto na gestão das clínicas, otimizando processos administrativos e melhorando a experiência dos profissionais e responsáveis.

Para os médicos-veterinários brasileiros, o caminho é a capacitação contínua e o uso crítico das novas tecnologias.

“Investir em cursos e eventos sobre IA e suas aplicações será fundamental. Precisamos nos atualizar constantemente e adaptar essas inovações ao contexto da Medicina Veterinária no Brasil”, concluiu Lange.

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