O metapneumovírus humano (hMPV), identificado pela primeira vez na Holanda em 2001, é um dos vários vírus que causam infecções respiratórias, semelhantes ao resfriado comum. Recentemente, a China registrou um surto significativo da doença, levantando preocupações sobre a disseminação global do vírus, especialmente entre crianças e idosos, que estão mais vulneráveis a complicações severas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o hMPV pertence à mesma família do vírus sincicial respiratório (VSR), um dos principais agentes associados às infecções respiratórias em crianças pequenas. Sua transmissão ocorre por meio de partículas infectadas no ar, através de gotículas liberadas por espirros ou tosse, o que facilita sua propagação, especialmente em espaços fechados.
O surto reforça a necessidade de monitoramento constante e colaboração internacional para prevenir sua disseminação. A Medicina Veterinária, dentro do conceito de Saúde Única, desempenha um importante papel na vigilância epidemiológica, no desenvolvimento de vacinas e na implementação de medidas de biossegurança. A integração entre profissionais da saúde humana, animal e ambiental é essencial para enfrentar desafios sanitários emergentes e proteger a saúde pública global.
Risco de disseminação global
O Brasil está monitorando atentamente o surto na China, conforme informado pelo Ministério da Saúde. Embora não haja um alerta internacional da OMS até o momento, as autoridades sanitárias brasileiras seguem em comunicação constante com instituições internacionais para acompanhar a evolução do quadro epidemiológico.
O médico-veterinário Marcos Silva Freire, assessor científico de Bio-Manguinhos/Fiocruz, explica que, apesar da preocupação com a transmissão do hMPV, até o momento não há indícios de que o vírus esteja se espalhando de forma anormal.
“Ele pode causar surtos localizados, mas não há evidências de que tenha potencial para uma pandemia. No entanto, sua transmissão fácil exige uma vigilância epidemiológica rigorosa”, destaca Freire.
Contribuição da Medicina Veterinária na pesquisa de vacinas
A pesquisa veterinária desempenha um papel essencial na busca por soluções contra doenças respiratórias como o hMPV. Segundo Freire, uma das principais contribuições está no desenvolvimento de modelos animais para estudo da doença e de possíveis vacinas.
“Para a influenza, por exemplo, utilizamos furões como modelo animal porque eles desenvolvem sintomas semelhantes aos humanos. O desenvolvimento de modelos eficazes é crucial para testar vacinas e antivirais antes dos ensaios clínicos em humanos”, explica.
Outro ponto de destaque é a vigilância epidemiológica realizada por médicos-veterinários, que monitoram a circulação de vírus em diferentes hospedeiros, incluindo animais silvestres e aves migratórias.
“Essa análise permite identificar padrões de transmissão e potenciais mutações do vírus, o que é essencial para prevenção e controle”, complementa Freire.
Biossegurança e controle epidemiológico
A pandemia de Covid-19 evidenciou a importância de medidas de biossegurança para conter a propagação de vírus respiratórios. O uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento social se mostraram fundamentais para reduzir transmissão.
Freire ressalta que a segurança em pesquisas laboratoriais também é essencial para evitar riscos biológicos.
“Estudos envolvendo manipulação genética de vírus devem ser conduzidos em ambientes altamente controlados, respeitando protocolos de biossegurança e avaliações éticas rigorosas”, alerta o especialista.