Doença de Alzheimer x Síndrome de Disfunção Cognitiva (SDC) em cães: Qual é a diferença?

O envelhecimento cerebral é uma realidade tanto para humanos quanto para animais. No entanto, a comparação entre a doença de Alzheimer, que afeta os seres humanos, e a Síndrome da Disfunção Cognitiva (SDC) em cães, nem sempre é precisa. Para esclarecer essas diferenças, o CRMV-RJ conversou com o médico-veterinário Alex Adeodato, presidente da Associação Brasileira de Neurologia Veterinária (ABNV).

“O Alzheimer humano é uma doença. A disfunção cognitiva é uma condição neurodegenerativa, onde a gente não encontra outras causas para um problema de envelhecimento cerebral nos cães”, explica Adeodato. “Então, você pega animais mais idosos, com alteração de comportamento ou de ciclo de sono e vigília, e acaba atribuindo isso à disfunção cognitiva. O problema é que, quando você investiga de fato, muitas vezes encontra a causa, que pode ser um tumor, uma lesão vascular ou um processo inflamatório”, completa.

O especialista destaca que o uso do termo Síndrome da Disfunção Cognitiva, apesar de ainda ser válido, deve ser tratado com cautela, especialmente porque há uma tendência crescente de se atribuir sinais de envelhecimento cerebral a essa condição sem a devida investigação.

“Cada vez que se busca mais, menos disfunção cognitiva achamos. Isso não é uma doença, é um conjunto de sinais clínicos relacionados ao mau funcionamento progressivo das funções corticais. As publicações eram muito mais frequentes antes de termos ressonância magnética disponível. Agora, as coisas estão se encaixando em outras doenças e esse termo acaba sendo usado de forma inadequada, na maior parte das vezes, quando não se tem diagnóstico”, alerta. “O grande risco é rotular um cão idoso com SDC sem considerar que pode haver uma causa subjacente tratável ou, ao menos, manejável”, acrescenta.

Ainda assim, Adeodato enfatiza que a SDC não deve ser descartada completamente, reconhecendo que há casos em que, mesmo após uma investigação minuciosa, nenhuma causa específica é encontrada.

“Certamente, temos casos em que não encontramos nada. Por isso, o termo não é errado. Mas o fato é que, a cada dia, temos cada vez menos casos, quando investigamos adequadamente. Esse é o ponto: precisa de diagnóstico correto. Ressonância magnética, líquor, outros exames específicos”, reforça. Ele destaca que essa abordagem cuidadosa é fundamental para garantir o bem-estar do animal e a tranquilidade da família, evitando tratamentos equivocados ou a negligência de problemas de saúde reais.

Para os médicos-veterinários, ele deixa uma mensagem: a idade avançada de um paciente canino não deve ser motivo para negligenciar exames diagnósticos aprofundados.

“Não é porque o paciente é idoso que ele não vai fazer uma tomografia, uma ressonância ou exame de líquor. É uma investigação adequada e, muitas vezes não investigar é mais arriscado do que o risco anestésico”, conclui Adeodato.

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