A morte de um fisiculturista no último dia 15 de março, em Goiânia, após o uso de anabolizantes e substâncias veterinárias, como a trembolona e o clenbuterol, revela um problema alarmante sobre o acesso a produtos inadequados para consumo humano. O CRMV-RJ destaca que esse tipo de caso reforça a necessidade urgente de uma regulamentação mais rígida sobre a comercialização de medicamentos veterinários e substâncias controladas.
Marcos Antônio Moraes Paz, conhecido como “DJ Macaully” e fisiculturista de 32 anos, faleceu após apresentar complicações graves de saúde decorrentes do uso de substâncias veterinárias. O caso ganhou repercussão quando a família relatou que o atleta estava utilizando medicamentos como trembolona e clenbuterol, substâncias destinadas ao tratamento de animais, mas que eram consumidas por ele na tentativa de melhorar seu desempenho físico.
A utilização de substâncias veterinárias por seres humanos não é um caso isolado. Infelizmente, a falta de regulamentação e fiscalização adequadas permite que produtos de risco sejam facilmente acessados por pessoas sem a devida orientação profissional. O uso indiscriminado de medicamentos como o clenbuterol – utilizado no tratamento de crises asmáticas em cavalos – e a trembolona, que não tem aprovação para uso humano pela ANVISA, pode gerar danos irreversíveis à saúde, como falências renais, cardíacas e até mesmo a morte, como foi o caso de Marcos.
Para combater esses riscos e garantir maior segurança à sociedade, o CRMV-RJ propôs ao deputado federal Sargento Portugal o Projeto de Lei 2154/2024, que já se encontra na fase “Pronto para Pauta” na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços (CICS). O PL visa regulamentar a presença de médicos-veterinários em estabelecimentos comerciais que comercializam medicamentos veterinários e defensivos agrícolas. Isso inclui pet shops, casas agropecuárias e outros estabelecimentos que manipulam substâncias controladas, como antibióticos, anabolizantes e psicotrópicos, que podem representar sérios riscos à saúde pública e animal se mal administrados.
A proposta do CRMV-RJ é que a presença de um médico veterinário seja obrigatória nesses locais para supervisionar a comercialização desses produtos, garantindo que os consumidores recebam orientações adequadas sobre o uso correto e seguro. Essa medida tem como principal objetivo minimizar o uso inadequado dessas substâncias, evitar a resistência antimicrobiana e reduzir os riscos à saúde pública.
A aprovação do PL 2154/2024 é mais do que uma medida preventiva: é uma questão de saúde pública. Com a presença de médicos veterinários nesses pontos de venda, será possível assegurar que os produtos sejam utilizados de forma segura, conforme suas indicações específicas para os animais, e evitar que sejam acessados e utilizados de maneira imprópria por seres humanos. O caso de Marcos Antônio Moraes Paz mostra que, sem a devida fiscalização, as consequências podem ser fatais.
A comercialização descontrolada de medicamentos veterinários e substâncias controladas pode levar a sérios problemas de saúde pública, principalmente quando essas substâncias são usadas por pessoas que não têm conhecimento dos riscos envolvidos. Por isso, é essencial que o Projeto de Lei seja aprovado para garantir a presença de profissionais qualificados para orientar e fiscalizar o uso desses produtos.