Tartarectomia não é raspagem. Tartarectomia sem anestesia não é tratamento periodontal. CRMV-RJ informa que procedimento não deve ser realizado em atendimento domiciliar

As doenças orais, incluindo a doença periodontal, correspondem a parte significativa dos problemas que afetam cães e gatos de maneira global. O exame meticuloso da cavidade oral e o tratamento apropriado são fundamentais para promover o bem-estar e a qualidade de vida dos animais.

O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) alerta que a área mais crítica a ser examinada e limpa é o sulco gengival e, em casos mais graves, as bolsas periodontais. Esta região ao redor do dente, em todas as suas faces, requer total atenção dos profissionais veterinários. A raspagem dentária, realizada com ultrassom odontológico ou curetas, deve ser executada com extrema cautela devido à natureza cortante dos instrumentos, já que a raspagem subgengival pode ser desconfortável para o animal.

Ao contrário dos pacientes humanos que podem tolerar procedimentos odontológicos sem anestesia, em animais, tais intervenções não podem ser realizadas de forma eficaz sem anestesia geral, preferencialmente administrada sob supervisão de um anestesiologista veterinário.

Corroborando com o alerta da Associação Brasileira de Odontologia Veterinária (ABOV), o Conselho destaca que uma simples remoção de tártaro visível acima da linha da gengiva não é suficiente, e mesmo a raspagem subgengival da maioria dos dentes pode não garantir a remoção completa da placa bacteriana em áreas de difícil acesso, perpetuando assim a doença periodontal. A ilusão de dentes “limpos” pode levar os responsáveis por animais a uma falsa sensação de segurança, retardando a busca por cuidados especializados, o que pode resultar em desconforto ou agravamento do quadro clínico dos animais.

Muitos problemas bucais só podem ser diagnosticados adequadamente durante um exame completo das superfícies dentárias, algo que só é viável com o paciente devidamente anestesiado. Muitas vezes, áreas como a face lingual não permitem um exame detalhado em animais acordados, e condições iniciais como aumentos de volume, que podem indicar o início de câncer oral, podem ser ignoradas sem uma avaliação cuidadosa, levando a estágios irreversíveis da doença. Além disso, radiografias intra-orais, essenciais para diagnósticos precisos, são negligenciadas em procedimentos conhecidos como “anesthesia-free”.

O CRMV-RJ destaca que procedimentos como a “limpeza sem anestesia” não devem ser realizados em ambiente domiciliar, pois não oferecem os cuidados adequados e necessários à saúde bucal dos animais. A anestesiologia veterinária moderna oferece a melhor abordagem para garantir o bem-estar dos pacientes. Exames pré-operatórios são realizados para avaliar as condições individuais de cada animal, e são elaborados protocolos anestésicos personalizados. Todo o procedimento é monitorado em tempo real, com a possibilidade de utilizar bloqueios anestésicos regionais para aumentar o conforto e a analgesia dos animais durante a anestesia geral.

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