CRMV-RJ rebate desinformação publicada pela bióloga Natalia Pasternak Taschner, colunista do O Globo


Diante da matéria publicada no jornal O Globo intitulada “Acupuntura para bicho, não. É cruel e antiético submeter animais a tratamentos sem base científica”, de autoria da bióloga Natalia Pasternak, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) vem esclarecer e desmistificar informações equivocadas sobre a acupuntura veterinária. A prática, ao contrário do que foi sugerido, é uma especialidade médica veterinária reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), pela Resolução nº 1051, desde 2014, com respaldo científico e regulamentação oficial.

Embora a acupuntura faça parte das chamadas medicinas complementares, assim como a homeopatia, ela já é consolidada e conta com amplo respaldo na literatura científica. Inúmeros estudos têm sido conduzidos ao longo dos anos para demonstrar a eficácia dessa prática no tratamento de diversas condições clínicas em animais, como dores crônicas, distúrbios neurológicos e problemas locomotores, sempre de forma complementar aos tratamentos convencionais.

O CRMV-RJ reforça a necessidade de uma abordagem equilibrada ao tratar de questões relacionadas à saúde animal. É fundamental que responsáveis e profissionais consultem especialistas com conhecimento e formação adequada para garantir que os tratamentos sejam conduzidos de maneira ética e eficaz.

No caso da acupuntura veterinária, a prática é supervisionada por profissionais habilitados que garantem que o tratamento seja realizado com segurança e respeito aos animais, com o principal foco no bem-estar deles.

Ao lançar esta nota, o CRMV-RJ tem o intuito de agregar conhecimento e promover a conscientização sobre as terapias integrativas, desmistificando informações equivocadas que podem prejudicar o entendimento correto da prática. Esse tipo de desinformação, como a veiculada na matéria de O Globo, desconsidera a formação especializada dos profissionais da área e a base científica que embasa esses tratamentos.

Negar a eficácia de práticas como a acupuntura sem o devido conhecimento técnico e científico pode comprometer o bem-estar dos animais, que se beneficiam de abordagens complementares no tratamento de suas condições de saúde.

A médica-veterinária Magda Alves de Medeiros (CRMV-RJ 4996), destacou que, embora o estudo de metanálise citado em 2006 realmente não apresente “evidências robustas sobre a eficácia da acupuntura em animais,” é importante reconhecer que muitos estudos na área médica veterinária têm limitações metodológicas. “Os estudos clínicos em animais, em qualquer área da medicina veterinária, são mais escassos e com número amostral menores do que os realizados em humanos,” o que, segundo Medeiros, dificulta uma análise mais aprofundada da eficácia de certos tratamentos.

Ela também ressaltou que a acupuntura segue os princípios da Medicina Tradicional Chinesa e foi reconhecida como especialidade veterinária pelo CFMV, com a existência de “pontos de acupuntura e meridianos” em diferentes espécies animais. Em relação às aves, por exemplo, já existem “mapas translacionais muito antigos.”

Sobre o uso de canabinoides em espécies selvagens, Medeiros explicou que os componentes do sistema endocanabinóide estão presentes em “todas as espécies de vertebrados,” incluindo aves. No entanto, ela ponderou que, devido à escassez de estudos em animais selvagens, o tratamento frequentemente se baseia no empirismo, sendo o médico-veterinário responsável por combinar “técnicas, algumas delas sem embasamento científico robusto, sempre visando a redução do sofrimento animal.”

Por fim, Medeiros mencionou que o uso de música como terapia é uma técnica reconhecida na “redução do estresse em animais selvagens e domésticos,” especialmente quando usada em conjunto com outras estratégias. Ela concluiu reforçando que os médicos-veterinários têm autonomia para decidir quais tratamentos são mais adequados em cada caso, destacando que, embora o uso de medicamentos alopáticos baseados em evidências seja ideal, “nem sempre essa opção está disponível ou é acessível.” Assim, cabe ao profissional optar por alternativas que priorizem a “redução do sofrimento animal.”

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