Prefeitura de Volta Redonda, em parceria com o CRMV-RJ e a Anclivepa-RJ, realiza 1º Workshop Regional sobre Leishmaniose Visceral neste sábado

Aconteceu neste sábado (25), o 1º Workshop Regional sobre Leishmaniose Visceral, no município de Volta Redonda. O evento foi uma parceria entre a Prefeitura de Volta Redonda, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) e a Associação de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais do Rio de Janeiro (Anclivepa-RJ), com apoio da Champion.

Cerca de 50 pessoas compareceram ao local do evento, que aconteceu no Seleto Hotel. Entre os convidados estavam técnicos da região do Médio Paraíba que trabalham diretamente com a Leishmaniose Visceral e alguns clínicos. No projeto foi discutida a situação atual da Leishmaniose Visceral, causada pela Leishmania chagasi em humanos e animais domésticos, assim como o controle do principal Vetor a Lutzomyia longipalpis.

Segundo o Ministério da Saúde, em 2019 o Brasil contabilizou 2.529 casos da doença, sendo 207 óbitos, e em 2020, 2.032 casos foram confirmados, sendo 165 óbitos.

Presidente do CRMV-RJ, Romulo Spinelli

O presidente do CRMV-RJ, Romulo Spinelli, deu abertura as falas da mesa e falou sobre a importância da abordagem do tema, além da relevância do médico-veterinário no combate a zoonose, com foco na saúde única, e atualização profissional.

“Esse é um evento de grande relevância visto que a Leishmaniose Visceral é uma zoonose infecciosa sistêmica que caso não seja tratada, chega a ser fatal em mais de 95% dos casos. O médico-veterinário tem um papel fundamental como profissional de Saúde Única no combate a Leishmaniose. Profissionais, busquem constantemente, atualizações pois a ciência é a grande norteadora desse processo”, declarou o Spinelli.

Da esquerda para a direita: Janaina da Soledad Rodrigues, Rogério Lobo, Romulo Spinelli, Marcia Rolim e Flávio Graça

Entre os assuntos abordados estavam: “A doença Leishmaniose e suas apresentações”, “Leishmaniose Visceral Canina – Distribuição na cidade de Volta Redonda e entorno”; “Leishmaniose Visceral Humana – Distribuição na cidade de Volta Redonda e entorno”; “Leishmaniose Canina: Os desafios do diagnóstico e tratamento da Leishmaniose canina”; “Diagnóstico parasitológico da Leishmaniose humana e canina”; e “Novas ferramentas de controle da Leishmaniose Visceral”; além de uma mesa redonda ao fim do evento, com moderação dos médicos-veterinários Carlos Wilson Gomes Lopes; Paulo Daniel Sant’Anna Leal; e o presidente da Anclivepa-RJ e vice-presidente da Anclivepa BR; e Rogério de Souza Lobo.

Renato Porrozzi

Os palestrantes eram o médico-veterinário Renato Porrozzi, que é pesquisador titular do Laboratório de Toxoplasmose e outras Protozooses do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz); a médica-veterinária e coordenadora de Vigilância Ambiental, Janaína da Soledad Rodrigues; médica Silvia Mello dos Santos, que trabalha junto à gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Volta Redonda como assessora técnica na equipe de coordenação da Atenção Básica do município; a médica veterinária Fernanda Nazaré Morgado, que é tecnologista em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz e Jovem Cientista do Nosso Estado pela Faperj; e o gerente da diretoria de Vigilância em Zoonoses de Goiânia (GO), Welington Tristão da Rocha.

A coordenadora de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde de Volta Redonda, Janaina da Soledad Rodrigues (CRMV-RJ 9562), explicou que o objetivo do evento é discutir as medidas de controle, não somente voltadas ao reservatório mas também ao vetor.

“Temos uma demanda interessante com relação aos casos de Leishmaniose Visceral no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). A gente ainda tenta fazer um trabalho de conscientização com os clínicos da região para que haja notificação dos casos. Já temos alguns [clínicos] que têm essa rotina de notificar, mas é importante a gente desmistificar um pouquinho aquela imagem de que o CCZ é para somente eutanasiar animais, então a gente tenta sempre fazer uma dialogar e dizer que a gente faz o mapeamento [dos casos], o acompanhamento dos animais que eventualmente estejam sendo tratados, e o reforço dessa necessidade de se tratar corretamente, o que é extremamente importante para o controle. Então esse tipo de evento é extremamente importante para discutirmos esse assunto. O território de Volta Redonda, Barra Mansa e Barra do Pirai acabam se confundindo muito, então os casos daqui às vezes acabam se confundindo. É importante que as Vigilâncias tenham essa conversa, essa interlocução, essa troca de experiências”, declarou.

E emendou: “A gente hoje faz o diagnóstico no CCZ, então basta o responsável pelo animal levá-lo até o Centro, a gente faz toda a orientação, faz o diagnóstico, inclusive desenvolvemos técnica de pulsão de linfonodo para fazer o diagnóstico no momento. A ideia é estar sempre avançando porque é uma doença que tem crescido cada vez mais aqui na região”, finalizou.

O coordenador do evento, o médico-veterinário Paulo Daniel Sant´Anna Leal (CRMV-RJ 3260), contou que em 2013 organizou um evento de Leishmaniose Visceral muito semelhante ao ocorrido neste sábado em Volta Redonda, se passaram nove anos e a zoonose só se agravou.

“Tenho vínculo de pesquisa no pós-doutorado com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), orientado do professor Carlos Wilson, e no evento do Conselho a dra. Janaína me relatou a preocupação com o número de casos de Leishmaniose. Essa conversa deu start para a gente poder organizar um evento aqui, Regional, mas que pudesse abranger o máximo de prefeituras possíveis, porque é uma região endêmica, com problemas. Além disso, cada vez mais os médicos-veterinários da própria cidade do Rio de Janeiro estão fazendo o diagnóstico de Leishmaniose Visceral de animais próprios sem frequentar as áreas tradicionais endêmicas, como Belo Horizonte e Araçatuba. São animais infeccionados no Rio de Janeiro, que adquiriram a doença na cidade, então há essa preocupação”, informou Paulo Daniel.

Carlos Wilson

“Como se trata de uma doença crucial, que tanto afeta humanos como animais, e com o pensamento da Saúde Única, é importante esse trabalho. Não só que isso se desenvolve aqui na área de Volta Redonda e municípios adjacentes, mas que isso possa se espalhar para todo Estado do Rio de Janeiro. A parte do Sul foi pioneira a partir da proposta da dra. Janaína com o doutor Paulo Daniel”, emendou Carlos Wilson Gomes Lopes (CRMV-RJ 1033), que é Conselheiro do CRMV-RJ e professor aposentado da UFRRJ, na disciplina de parasitologia, com especialidade em protozoários.

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