Com a chegada das férias escolares, muitas famílias escolhem destinos no interior ou regiões montanhosas cercadas por matas. Esses locais oferecem tranquilidade e contato com a natureza, mas também exigem atenção redobrada para prevenir doenças como Febre Maculosa e Doença de Lyme, transmitidas por carrapatos.
A médica-veterinária Carla de Freitas Campos, presidente da Comissão de Saúde Única do CRMV-RJ, alerta para os riscos e a importância de adotar medidas preventivas.
“Para a transmissão da Febre Maculosa, é necessário que o carrapato-estrela esteja infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii e permaneça fixado ao corpo por pelo menos quatro horas. Já na Doença de Lyme, o carrapato precisa estar aderido à pele por várias horas, e os sintomas podem surgir até anos após a infecção”, explica a profissional, que é que é diretora-adjunta do Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos e coordena projetos em Saúde Única.
Ambas as doenças apresentam sintomas iniciais similares, como febre e dores no corpo, mas possuem particularidades que ajudam na identificação. A Febre Maculosa tem início abrupto, com febre alta, prostração, dores intensas de cabeça e musculares, além de náuseas e vômitos. Em alguns casos, surgem manchas hemorrágicas na pele, conhecidas como máculas, que costumam aparecer entre o terceiro e o quinto dia da doença, principalmente em mãos e pés.
“O período de incubação pode variar de dois a 15 dias, então, mesmo semanas após visitar áreas de risco, é importante considerar a possibilidade da doença caso os sintomas apareçam”, ressalta a médica-veterinária.
Já a Doença de Lyme costuma começar com uma mancha ao redor do local da picada, que se expande pelo corpo e é conhecida como eritema migratório. Essa lesão pode ter o centro claro, vermelho escuro ou lembrar um alvo. Embora não cause dor ou coceira, pode haver aumento da temperatura local. Além disso, os sintomas incluem febre, mal-estar, dores musculares e articulares, podendo evoluir para problemas crônicos, como comprometimento neurológico e cardíaco, caso não seja tratada.
De acordo com Carla, essas doenças demandam atenção especial, já que os sintomas podem ser inespecíficos e o carrapato nem sempre é encontrado. Um histórico detalhado das áreas visitadas é fundamental para orientar o diagnóstico precoce e evitar complicações graves.
A médica-veterinária também reforça a importância de adotar medidas preventivas ao frequentar áreas de risco. Aplicar repelentes antes de entrar em matas, usar roupas fechadas e de cores claras, como calças compridas por dentro das meias, blusas de manga longa e botas, pode evitar o contato direto com carrapatos.
“É essencial inspecionar o corpo a cada duas horas e após sair do local, já que os carrapatos passam um tempo buscando o local ideal de fixação. Assim, é possível removê-los antes da transmissão da doença”, orienta.
Além disso, é importante lembrar que esses parasitas podem ser pequenos e se esconder em áreas como dobras da pele e cabelos.
Animais de estimação também devem ser protegidos, recebendo produtos antiparasitários e utilizando roupas que dificultem a fixação de carrapatos. Inspecionar o corpo dos pets, incluindo orelhas, dobras de pele, patas e axilas, é essencial após passeios em locais de risco.
O diagnóstico de ambas as doenças é feito a partir de exames laboratoriais associados ao relato de exposição a áreas rurais ou de mata. Quanto mais cedo o tratamento com antibióticos for iniciado, maior será a chance de evitar complicações. A Febre Maculosa, por exemplo, pode evoluir rapidamente e levar à morte em poucos dias devido às lesões vasculares nos órgãos. Já a Doença de Lyme, embora menos fatal, pode causar comprometimentos crônicos, como miocardite e artrite, se não tratada.
Proteger a família, incluindo os animais de estimação, com medidas preventivas e atenção aos sinais iniciais dessas doenças é fundamental para aproveitar as férias com tranquilidade e segurança.