CRMV-RJ repudia posicionamento de empresa de transportes que impõe que os animais estejam “parcialmente sedados” durante viagens

O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) vem a público repudiar e lamentar o posicionamento da empresa de transporte Gontijo, que, em seu site, impõe que os animais que viajam pela empresa estejam “parcialmente sedados”, independentemente da distância entre as cidades, e que seja comprovado através da declaração de um médico-veterinário.

O Conselho esclarece que sedação é uma forma leve de anestesia que deixa os pacientes, cães ou gatos, mais tranquilos e relaxados. Na sedação, são utilizadas medicações diferentes das utilizadas pela anestesia geral e devem ser específicas para a idade, raça, doenças que apresentam e comportamento. Por isso, é importante a avaliação de um anestesista veterinário antes de submeter à sedação.

A diferença entre sedação e anestesia é que a sedação é um protocolo leve, onde muitas vezes o paciente fica apenas mais sonolento, enquanto a anestesia é um pouco mais profunda e normalmente é utilizada em procedimentos onde o paciente não pode se mexer.

No caso da sedação, sua vantagem é fazer com que o paciente não sinta dor durante as manobras de posicionamento para exames de imagens (RX e tomografias) e é também indicada para pacientes agressivos.

“O termo ‘parcialmente sedado’ está revestido de incongruência técnica, visto que não existe de fato esta terminologia em sua essência. Ou está sedado ou não. E a sedação contínua em viagens de longa duração, como por exemplo, Rio de Janeiro x Nordeste, pode gerar reações sistêmicas provocadas pelas drogas, de forma mais significativa e potencialmente mais perigosas. A maioria delas de natureza cardiorrespiratória. As mais comuns são: hipoventilação, hipertensão, hipotensão, hipóxia, taquicardia, bradicardia. Ou seja, o animal corre risco de vida e não é recomendado a sedação por períodos longos”, afirma o médico-veterinário Leonardo Waldstein, Embaixador do CRMV-RJ em Niterói.

Leonardo ainda informou que na sedação são utilizadas medicações diferentes das utilizadas pela anestesia geral, e devem ser específicas para a idade, raça, doenças que apresentam e comportamento. Por isso, é importante a avaliação de um anestesista veterinário antes de submeter à sedação e não uma imposição comercial da empresa de ônibus.

Visto isso, o CRMV-RJ solicitou, através de um ofício enviado para a empresa Gontijo, que esta reveja este posicionamento, pois nenhum médico-veterinário pode garantir a sedação de um animal por longos períodos. Além disso, é claro, afeta o bem-estar animal, expondo-o a um risco desnecessário.

O CRMV-RJ ressalta que a empresa tem todo o direito de não querer transportar animais em seus ônibus, mas expor a saúde animal por uma implicação comercial é repudiável. Consequentemente, será protocolado uma reclamação junto à Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), expondo a opinião do Conselho sobre o caso, solicitando medidas cabíveis.

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