Ao longo de sua carreira, Marta Helena Guimarães Desiderio (CRMV 6125) enfrentou diversos desafios. Desde o ingresso no mercado de trabalho, que se mostrava competitivo, até o enfrentamento do preconceito por trabalhar em uma instituição de ensino superior privado. No entanto, ela superou cada obstáculo com determinação e comprometimento, sempre buscando oferecer o melhor de si em todas as suas atividades.
Formada em 1996 pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Marta não se contentou apenas com a graduação. Em 1997, iniciou seu mestrado em Parasitologia Veterinária, também na UFRRJ. Paralelamente, deu início à sua carreira docente na Universidade Estácio de Sá, ministrando aulas sobre parasitologia no curso de Medicina Veterinária. Seu compromisso com a educação e a formação de novos profissionais a levou a assumir a coordenação do curso em 2001, cargo que ocupou até 2015, quando assumiu a gestão do Campus Vargem Pequena, onde está até hoje.
“O primeiro deles foi entrar no mercado de trabalho, que se mostrava muito competitivo, muito baseado na competência profissional, e hoje entendo que foi até bem suave. Depois, foi enfrentar o preconceito por trabalhar numa instituição de ensino superior privado. Esse desafio vem sendo vencido, até, com ajuda da falta de apreço que nosso país tem pela educação. Toda minha formação escolar, desde o fundamental até a pós-graduação, aconteceu em escolas públicas, mas meu filho estuda em escola particular (e eu acompanho o conteúdo, para trocar de escola se for preciso). O nível caiu nas instituições educacionais públicas e os processos de certificação da qualidade do ensino também caíram. O último desafio é o de ser mãe, e esse não tem como superar porque é uma constante”, disse.
Para Marta, ser professora foi a maior realização de sua vida profissional. Ela conta que entrar em sala de aula e compartilhar conhecimento com seus alunos sempre foi um momento de prazer e gratificação. Além disso, como mãe de um filho de 13 anos, Marta enfrenta o desafio constante de conciliar sua vida profissional com suas responsabilidades familiares.
“Analisando sob o aspecto do que pesa sobre as mulheres, tive uma jornada pesada. Ser mãe e ter um compromisso profissional ao mesmo tempo foi um desafio. Preocupação constante é o que define as mães. Mas vejo a minha vida bem-sucedida. Ter a jornada mais pesada por ser mulher nunca me preocupou porque entendi, desde cedo, que precisava ser um ser humano diferenciado acima de profissional diferenciado”, declarou.
Marta destaca a importância da equidade de gênero e a responsabilidade das mulheres na educação das futuras gerações. Para ela, a educação é a base para a construção de um futuro melhor, e as mulheres desempenham um papel fundamental nesse processo.
Ao longo de sua carreira, Marta tem se dedicado à formação de novos profissionais, acreditando que a educação é o maior projeto que existe. Ela ainda enfatiza que não há impeditivos para que as mulheres impulsionem e inovem em nenhuma área da medicina veterinária.
“Nesses 27 anos que atuo na área de educação vi crescer o número de mulheres em sala de aula. Lembro que houve um semestre em que as minhas turmas eram compostas só de mulheres. Hoje a comunidade acadêmica do Campus onde trabalho é composta por cerca de 90% de mulheres. O impeditivo comum a qualquer gênero é a qualidade do ensino”, contou.
Questionada sobre uma experiência em que tenha sentido que a sua presença como mulher trouxe uma perspectiva única, a profissional destacou que, sem querer deixar uma impressão de vaidade, assumir a direção do Campus onde trabalha fez diferença na forma como a veterinária era vista pela universidade, visto que a tratativa ficou mais facilitada e o respeito as particularidades femininas passou a existir.
Ela ainda deixou um conselho par outras mulheres que buscam seguir a carreira como médicas-veterinárias ou zootecnistas: “Que não desistam. Se acharem que está mais difícil porque são bonitas, ou porque são mais velhas, ou porque estão acima do peso, ou por terem filhos, ou seja lá qual for o obstáculo, deixem a sua força interna vir à tona e valorizem a caminhada. Quanto maior a resiliência, mais importante se torna a conquista. Agarrem-se as oportunidades e creiam no ditado que diz ‘a pressa é inimiga da perfeição'”, finalizou.
Essa matéria faz parte da campanha “A força da mulher brasileira impulsionando o país, a Medicina Veterinária e a Zootecnia” promovida pelo CRMV-RJ.